Exposição da artista curitibana Denise Queiroz, nascida em 2 de dezembro de 1967 e falecida em Berlim, em 1994.
A obra de Denise Queiroz encarna, sensível e corajosamente, o percurso de uma mulher brasileira que, debatendo com a história da arte ocidental, baseia-se em sua própria finitude iminente para construir uma obra delicada e potente, duramente honesta e profundamente delicada. Denise ativa as cicatrizes no seu próprio corpo de modo a transformá-lo numa intersecção, num cruzamento de energias que fluem do campo da arte e do ambiente social que estigmatiza a feminilidade, a negritude e a doença.
Com sua obra, curta, mas poderosa, a artista desloca o foco das imagens tradicionais de representação do corpo feminino como receptáculo de um olhar masculino desejante para torna-lo imagem consciente de si, sujeito de seus próprios destinos.
A mostra será composta de obras originais elaboradas entre sua vivência no Brasil e na Alemanha, e de poemas e textos elaborados pela artista.
Além dos textos da artista, a exposição será complementada por um painel de discussão composto por artistas e professores que conviveram com Denise Queiroz em Curitiba.
Curadoria: Jean Alisson, Ketlin Cristine Siqueira e Matheus Hartman
Organização geral: Geraldo Leão
Serviço: Denise Queiroz: Christofêmea
Abertura: 29 de maio de 2019 às 19h.
Período expositivo: 30 de maio a 15 de agosto de 2019
Horário: Segunda a sexta-feira das 9h00 às 12h00 e das 13h00 às 18h00
Entrada gratuita
Agendamento de visitas mediadas pelo e-mail: nucleoeducativomusa@gmail.com
Denise Queiroz – um dos exemplos de como (re)escrever a história da arte no Paraná
Como se escreve a História da Arte? Quem entra, quem fica de fora? Hoje já temos consolidada a clareza de que não existe uma História de Arte maiúscula, mas sim várias narrativas de histórias de arte que precisam ser (re)escritas porque no discurso hegemônico da disciplina canônica, muitos agentes, especialmente mulheres e sujeitos advindos de diferentes regiões, ficaram invisíveis e silenciados até hoje.
Alunas e alunos do curso de Artes visuais do SACOD da UFPR estão enfrentando o compromisso em suas pesquisas de Trabalho de conclusão de curso (TCC), ou na Iniciação científica, no âmbito da história e crítica de arte, de identificar essas lacunas e, a partir de um levantamento nos acervos dos museus ou outras fontes, contribuir para a revisão necessária das narrativas no Paraná, no Brasil na América Latina. Por exemplo, a licenciada Naiara Akel de Pauli contabilizou no TCC (2017) todas as obras de artistas mulheres nos acervos dos museus públicos de Curitiba, e se deparou com uma grande discrepância entre o número de obras de artistas homens e mulheres, bem como identificou 85 artistas mulheres paranaenses nos acervos, suas aquisições e exposições, desde Iria Correia (1839-1887) até a contemporaneidade. Um primeiro mapeamento que abre novas perguntas e pesquisas!
Nessa revisão histórica o papel institucional dos museus é fundamental em dar visibilidade à produção silenciada. Neste sentido, o MUSA recebeu em 2019 uma artista, um tesouro muito particular: a artista curitibana Denise Queiroz (1967-1994), cujo acervo estava fechado há mais de 25 anos! E assim, a pesquisa começa a acontecer a partir de um processo coletivo com contribuições de muitas pessoas: em novembro de 2017, Lilia Maria Pontoni Wachowicz (mora em Leimuiden na Holanda), amiga de Denise Queiroz, entregou o acervo pessoal coletado pelo artista e marido Gernot Bubenik de Berlim para o pintor e professor Geraldo Leão, do curso de artes visuais da UFPR, também amigo da artista. Neste momento se abriu acesso a uma vasta produção de 87 obras com desenhos, pinturas, tridimensionais, poesias e fotografias dessa artista que infelizmente faleceu muito jovem, mas deixou um legado poético potente sobre o corpo, o feminino, a violência, a dor e a vontade de viver com uma iconografia pessoal de rituais e escritos.
Os estagiários Cristine Siqueira, Jean Alisson, Matheus Hartman em parceria com Naiara Akel de Pauli e o professor Geraldo Leão, começaram a estudar, organizar e digitalizar esse material, o que resultou na 2ª exposição póstuma “Denise Queiroz: Christofêmea” em 2019 com catálogo no MUSA. Impactadas pelas impressões da exposição, minhas duas orientandas Oriana di Monaco e Rafaela Dittrich Guebert, da Iniciação científica Edital 2019-20, integraram-se a este estudo do material, fizeram uma catalogação do acervo pessoal da artista e lançaram análises sobre a poética sensível na perspectiva dos estudos de gênero. Destarte os artigos “Corpo, gênero e autobiografia: uma análise da obra de Denise Queiroz”, de Oriana de Monaco, e “Denise Queiroz (1967-1994) e sua poética do corpo”, de Rafaela Dittrich Guebert, aqui publicados, enriquecem a então escassa literatura e oferecem novas pistas de aproximação à complexidade da obra de Denise Queiroz. Uma produção poética com certo impulso escatológico, de maneira que ela estuda o seu próprio corpo como uma das últimas coisas, último bastião que a assegura como ser vivo, e ao mesmo tempo, inscreve nele um discurso do corpo estigmatizado, materializando a feminilidade, a negritude e a doença.
Profª Stephanie Dahn Batista, Departamento de Artes/SACOD
Arquivos para download:
Denise Queiroz (1967-1994) e sua poética do corpo
CORPO, GÊNERO E AUTOBIOGRAFIA: UMA ANÁLISE DA OBRA DE DENISE QUEIROZ
Museu de Arte da UFPR - MusA
2ª a 6ª feira, das 9h00 às 12h00 e das 13h00 às 18h00
Sábados, domingos e feriados: Fechado.
Entrada Franca
Rua XV de Novembro, 695 | 1º andar
Centro | Curitiba | Paraná
musa@ufpr.br – 41-3310-2603
MusA - Museu de Arte da UFPR | 2017 - Hospedado pelo CCE - Centro de Computação Eletrônica da UFPR - desenvolvido por unigraf/proec - wmv